Honrar os que Vieram antes de Nós

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Foi por entre a Campina, com passos leves e olhar acolhedor, que Grande figura, em pessoa chamada Rossandro Klinjey, veio nos visitar aqui no IBCP em 22 de Agosto de 2017.

De surpresa, logo de início, lhe foram oferecidos alguns quitutes, ou diria, agrados culinários. Tal como um velho amigo de infância ou um parente do interior que veio nos reencontrar, ele se pôs a conversar de forma descontraída.

Após o deleite das iguarias, seguiu nosso tão gentil amigo para a sala de palestras, repleta de olhos e ouvidos ansiosos à sua espera.

Com sua fala mansa, como quem deixa do coração desaguar, nos presenteou com sua apresentação, que trazia como tema o pilar de uma vida toda: Família e Educação.
Pudemos, por quase duas horas, desfrutar de sua imensa sabedoria, nascida há tempos no seio de sua família.

Semeada nas palavras de ordem e regras firmes de sua mãe, mas também na doçura e amor daquela que o gerou.

Reforçada nas conversas com seu avô, que lhe contou a própria história, origem e trajetória, e que lhe falou da fome e da necessidade que viu sua família passar.

Contou-lhe que aos 14 anos fugiu de casa, escondendo-se no mato por três dias, até encontrar trabalho como capataz em uma fazenda.

Então naquele momento, seu avô fez o juramento de que seus descendentes jamais passariam fome e que todos teriam a oportunidade de estudar.

Terminada a história, seu avô lhe disse: “Portanto Rossandro, honre o que seu avô construiu e lhe deu…”
Palavras e conversas lhe despertaram o desejo de, junto com outras pessoas, buscar caminhos para resgatar valores familiares e que hoje muitas vezes são esquecidos.

Redesenhar os limites necessários para as crianças: repensar sobre a delegação insensata de poder àqueles que ainda não possuem maturidade e precisam de regras para viver com segurança.

Convivemos com crianças angustiadas pela força da palavra resiliência. Por vezes, o que lhes falta é a competência de quem os educa.

Amor… como é possível falar de amor sem falar em responsabilidade e respeito? Ah, quem dera muitos ouvissem, sem precisar de altos brados, que é o respeito que constrói o amor sem dor no peito.

Pois amor não estraga ninguém. Se ficou rançoso ou desencantado, foi afeto infantil de quem não aceitou ser frustrado.

Deixemos derramar o nosso amor como o mel das cascatas em colmeias, mas lembrando sempre da ordem interna que rege as abelhas.

Curvemo-nos diante da força hierárquica, afinal, somos menores que nossos pais. Eles vieram antes de nós!

É com esse tom de seriedade, respeito e alegria que segue esse jovem, psicólogo, escritor, professor e poeta da vida: honrando os que vieram antes dele!

Enfim, gostaríamos de fazer aqui uma grande reverência à sua mãe, ao seu avô e a todos de sua família que o antecederam, deixando-lhe, como herança, a força e a vitalidade em cada célula sua.

Nós, do IBCP, reconhecemos a honra de sua presença e o convidamos para voltar sempre, para compartilhar suas palavras inebriantes de sabedoria e amor. Será um presente para nós!

Como a história de Zeus que foi recebido pelo bom anfitrião, receba nosso acolhimento com aroma de hortelã. E para lhe acalentar segue a música em forma de poesia de Zé Ramalho AVÔHAI para homenagear seu avô.

Avohai

Zé Ramalho

Um velho cruza a soleira
De botas longas, de barbas longas
De ouro o brilho do seu colar
Na laje fria onde coarava
Sua camisa e seu alforje de caçador

Oh meu velho e invisível Avôhai
Oh meu velho e indivisível Avôhai

Neblina turva e brilhante em meu cérebro coágulos de sol
Amanita matutina e que transparente cortina ao meu redor
E se eu disser que é meio sabido você diz que é meio pior
E pior do que planeta quando perde o girassol
É o terço de brilhante nos dedos de minha avó
E nunca mais eu tive medo da porteira
Nem também da companheira que nunca dormia só

Avôhai… Avô e pai
Avôhai

O brejo cruza a poeira de fato existe
Um tom mais leve na palidez desse pessoal
Pares de olhos tão profundos
Que amargam as pessoas que fitar
Mas que bebem sua vida, sua alma na altura que mandar
São os olhos, são as asas
Cabelos de avôhai…

Na pedra de turmalina e no terreiro da usina eu me criei
Voava de madrugada e na cratera condenada eu me calei
Se eu calei foi de tristeza, você cala por calar
E calado vai ficando, só fala quando eu mandar
Rebuscando a consciência, com medo de viajar
Até o meio da cabeça do cometa, girando na carrapeta
No jogo de improvisar
Entrecortando eu sigo dentro a linha reta
Eu tenho a palavra certa
Pra doutor não reclamar

Avôhai… Avôhai
Avôhai… Avôhai

Claudia Andriolli

Psicanalista

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